Na sexta-feira passada fez exactamente 20 anos que a novela “Vale Tudo” estreou no horário nobre da Rede Globo, fazendo uma revolução na teledramaturgia brasileira. Escrita por Gilberto Braga e Aguinaldo Silva, a novela estreou no dia 16 de maio de 1988 e, durante os sete meses em que esteve no ar, o que se viu foi retrato chocante da realidade brasileira, com um forte embate entre aqueles que faziam de tudo para "se dar bem na vida" e os questionamentos éticos de pessoas que acreditavam que valia a pena levar a honestidade a sério, mesmo que inseridos num ambiente onde, valia tudo.
Regina Duarte e Glória Pires garantiram o sucesso da novela com a relação de amor e ódio em torno da qual gira a trama: a filha que vende a casa da própria mãe, deixando-a sem teto e viaja Rio de Janeiro em busca de uma vida fácil. “Vale Tudo” é marcada pela dualidade: Maria de Fátima, a filha, procura ficar rica por meio de um casamento arranjado, enquanto Raquel, a mãe, dá um belo exemplo de superação, vendendo sanduíches na praia, meio que acaba por leva-la a subir na vida, de maneira honesta. No final, Raquel torna-se dona de uma rede de restaurantes industriais, enquanto que o golpe de Fátima dá errado e ela retorna à rua da amargura. Mãe e filha chegam a fazer as pazes, mas a vilã não se adapta a ser boa e, juntamente com o amante, César, vivido por Carlos Alberto Riccelli, aplica um novo golpe.
Glória Pires deu vida a uma das vilãs mais odiadas da teledramaturgia, ao lado de Beatriz Segall, a intérprete da prepotente Odete Roitman, no topo do ranking das piores vilãs (no bom sentido) de todos os tempos. O destino de Odete Roitman, foi um dos grandes trunfos da trama, que, durante 13 dias, fez com que o Brasil se voltasse para a pergunta: “Quem matou Odete Roitmann?”. Outro vilão marcante foi o inescrupuloso e preconceituoso Marco Aurélio, vivido por Reginaldo Faria, que, no final, depois que as duas falcatruas foram descobertas pela polícia, foge do país num jatinho, dando um simbólico e memorável “toma” para o Brasil. Destaque também de Renata Sorrah, até hoje lembrada pela sua actuação como a alcoólatra Heleninha Roitmann.
Duas décadas depois, a mesma pergunta permanece: vale a pena ser honesto? Para esta questão, não se tem uma resposta unânime. Mas que valeria a pena ver de novo a novela, isso valeria!
Curiosidades
• Foi o maior sucesso da teledramaturgia brasileira. Media de de 68 pontos de IBOPE, o ultimo capítulo teve média de 86 e picos de 90. Só está atras de Roque Santeiro que marcou na sua 1ª exibição inacreditáveis 100 pontos de audiência no seu ultimo capítulo.
• Teve o título provisório de Pátria Amada.
• O maior destaque da trama foi Odete Roitman, interpretada pela atriz Beatriz Segall, considerada a maior vilã da história da teledramaturgia.