A novela Barriga de Aluguel, que estreou em 20 de agosto de 1990, foi decisiva na carreira de Glória Perez. Desde que estreou no género, em 1983, como colaboradora de Janete Clair em Eu Prometo, ela só havia escrito obras consideradas menores, como Partido Alto, na Globo, e Carmen, na extinta Manchete. Já em Barriga de Aluguel, ela inaugurou o que viria a ser uma de suas características principais: a abordagem de temas médicos e científicos.
Barriga de Aluguel foi exibida no horário das 18 horas pela Rede Globo entre 20 de agosto de 1990 e 1º de junho de 1991, contou com 243 capítulos. O tema central era, obviamente, barriga-de-aluguel, expressão popular para a maternidade por substituição.
O casal Ana e Zeca formam o casal perfeito. Ela é uma famosa jogadora de vólei. Ele, o treinador da equipa. O casal só não é mais feliz porque Ana não consegue ter filhos. Depois de várias tentativas frustradas de engravidar, Ana recebe do Dr. Álvaro Barone, um prestigiado médico, uma triste noticia: ela não pode ter filhos. Dr. Barone, então, diz ao casal que há uma maneira de realizar esse sonho: contratar uma barriga de aluguel. Em troca de 20 mil dólares, a jovem Clara aceita emprestar o seu útero para a experiência. Só que, durante a gestação, Clara é tomada pelo sentimento da maternidade e, após um complicado parto que a deixa estéril, Clara recusa-se a entregar a criança, fugindo com o bebé. Tem início, então, uma batalha na justiça pela guarda do menino. Ana afirma que é a mãe, argumentando, em seu favor, a herança genética, uma vez que o óvulo era seu e o espermatezóide era do seu marido, e que Clara apenas emprestou a barriga. Já Clara diz que ela é a mãe do bebé, pois ele foi gerado na sua barriga e foi ela quem deu à luz.
E a pergunta que causou discussões pelo Brasil inteiro, durante os nove meses de exibição da telenovela, foi qual das duas deve ficar com o bebé, Ana ou Clara?
O Final
Para definir de maneira correcta quem ficaria com a criança, Glória Perez pediu a três juízes que dessem sentenças e deixassem brechas nas sentenças, assim ela poderia colocar no roteiro de forma crível. O processo ocorria em três instâncias, assim como na vida real.
Na primeira instância, Clara ganha a guarda do bebé. Ana recorre, e o Superior Tribunal de Justiça decide que ela é a mãe biológica da criança e deveria ficar com a criança. No terceiro julgamento, a novela termina sem mostrar a sentença, deixando o telespectador sem a resposta. Na cena final, as duas mães estão de mãos dadas com o filho, decididas a encontrar uma solução para a situação, independentemente da decisão final da Justiça.
Curiosidades
• A novela, por causa do seu tema polémico, era pra ser exibida às 20 horas, mas acabou por ser exibida às 18 horas.
• A autora Glória Perez reviveu os personagens de Mário Lago e Beatriz Segall, Dr. Molina e Miss Brown na novela O Clone. Nessa novela os médicos entraram em cena para participar numa discussão ética e científica sobre a clonagem humana.
• Chegou a marcar 50 de média, com picos de 60. A média geral foi de 46 pontos, alta para o
horário.