
Páginas da Vida foi uma telenovela brasileira da Rede Globo, escrita por Manoel Carlos e Fausto Galvão com colaboração de Maria Carolina, Leandra Pires, Juliana Peres, Ângela Chaves e Daisy Chaves, dirigida por Jayme Monjardim, Fabrício Mamberti, Teresa Lampreia, Fred Mayrink e Luciano Sabino e com direção de núcleo de Jayme Monjardim.
Estreou em 10 de julho de 2006, no horário "das oito", substituindo Belíssima, de Sílvio de Abreu, e foi exibida até o dia 2 de março de 2007.
A trama foi apresentada em 203 capítulos.
Regina Duarte viveu pela terceira vez uma Helena criada pelo novelista Manoel Carlos. A primeira em 1995, na novela História de Amor, e, em seguida Por Amor, dois anos depois.
Depois de 26 anos, Sônia Braga voltou a atuar em uma novela do início ao fim. A última trama em que a atriz participou integralmente foi Chega Mais, em 1980.
A jovem atriz Fernanda Vasconcellos se destacou pelo brilho e talento ao dar à personagem Nanda o tom correto de emoção e veracidade. Também um grande momento para Lília Cabral, ao interpretar a vilã Marta.
Cada capítulo da novela terminou com o depoimento de um personagem real sobre algum tema abordado no dia. As falas, de até um minuto, abordaram assuntos como síndrome de Down, gravidez, Aids, separação, preconceito, sexo, amizade e até traição amorosa.
"Se o capítulo tiver uma história de traição, a gente mostrará o caso de uma mulher que foi traída. Mas será sempre alguém que deu a volta por cima, para o telespectador refletir", disse Jayme Monjardim, o diretor.
Em Páginas da Vida, o chaveiro, a garçonete do cafezinho e o dono da banca de jornal são pessoas reais que exercem as mesmas funções, no Leblon. Pessoas reais, moradoras do bairro, apareçeram em cenas da novela com seus verdadeiros nomes, como elas mesmas. O objetivo dessa experiência era reduzir a diferença que existe entre a realidade e a ficção.
O real marcou uma passagem de tempo: a primeira fase da novela terminou em 21 de setembro de 2001, com imagens dos ataques terroristas de 11 de setembro ao EUA. Em janeiro, a novela homenageou os 80 anos de Tom Jobim. O compositor teve duas músicas na trilha sonora - Wave, na abertura, e Promessas (Só em Teus Braços), com Nana Caymmi. Várias outras alusões à realidade foram citadas no decorrer da trama, com destaque para fatos reais de violência nas grandes cidades, como o ataque de bandidos a um ônibus, incendiado com passageiros dentro, e a morte do menino João Hélio, vítima de um assalto, arrastado pelas ruas do Rio até a morte. Os pais da criança chegaram a dar um depoimento para a novela.
Páginas da Vida já iniciou gerando polêmica. Primeiro foi a cena de strip-tease de Ana Paula Arósio no capítulo da lua-de-mel de sua personagem. E explodiu com o depoimento real de uma senhora de 68 anos sobre o orgasmo, no capítulo do sábado do dia 15/07. As palavras escolhidas pela dona de casa de Madureira (Rio de Janeiro) soaram grotescas, chocaram o público e levaram o autor a pedir desculpas nos jornais, na TV e até num programa de rádio. Ela disse que alcançou o prazer pela primeira vez aos 45 anos, numa noite embalada pela música O Côncavo e o Convexo, de Roberto Carlos. "Acordei com as pernas suspensas, com a calcinha na mão e toda babada", afirmou.
Em meio a tantos personagens, confusão e trocas de nomes podem ocorrer. Na primeira fase da novela, o personagem do ator Fernando Eiras se chamava Otávio. Na segunda, o nome foi trocado de Otávio para Rúbens, ganhando inclusive o apelido "Rubinho". Já no site oficial da novela, ele era chamado de Camilo, depois de Laerte, e finalmente Rúbens. Bem como a personagem de Xuxa Lopes, que no site estava como Hilda e na novela foi chamada de Belita.
Antônio Calloni pediu para sair da novela, com isso o seu personagem morreu na passagem da primeira para a segunda fase. O motivo alegado pelo ator é que estaria esgotado, emendando um trabalho no outro, e que não se sentia capaz de contribuir 100% com a novela.
Já na reta final da novela, alguns atores deixaram transparecer o descontentamento com o rumo que os autores acabaram por dar a seus personagens. Foi o caso de Leandra Leal, que reclamou de sua personagem, Sabrina, em seu blog na Internet.
Tarcísio Meira foi acometido de uma virose grave que o fez ficar sem voz e provocou seu afastamento das gravações por dois meses, entre setembro e novembro de 2006. Na trama, a ausência do personagem foi explicada com uma viagem repentina a sua fazenda. Tarcísio voltou a aparecer no capítulo de 23 de novembro.
Pela primeira vez na história das telenovelas um parto de uma atriz grávida de verdade foi mostrado, no capítulo exibido em 28/12/2006. Aproveitou-se o fato de Júlia Carrera estar prestes a dar a luz para usar a situação na trama de Páginas da Vida. A atriz participou da novela vivendo Tatiana, a fonoaudióloga da menina Clara (Joana Morcazel). O marido de Júlia (que também é ator), Bruce Gomlevski, também entrou na novela para viver ele mesmo como o marido de Tatiana.
Um dos projetos mais arrojados da novela foi a elaboração e construção do espaço AMA, a fictícia Casa de Cultura Amália Martins de Andrade. Sob a coordenação dos cenógrafos Mário Monteiro e Gilson Moura, cem funcionários trabalharam para erguer o prédio numa área de 1400 metros quadrados, aproximadamente, localizado nas cidades cenográficas do Projac. Na trama, a obra que durou três anos, foi concluída pela equipe em um mês. Segundo Mário, a construção, toda feita em estrutura metálica, exigiu o trabalho de uma equipe de engenheiros, que cuidou da fundação do prédio. “É quase um edifício real”, diz Mário, que criou o projeto cenográfico tendo um prédio do Leblon como base.
A novela trouxe nos capítulos iniciais 17 clipes feitos em campos de refugiados na África. O único ator que aparece nessas imagens é Marcos Paulo. Seu personagem, o infectologista Diogo, teve a função de denunciar o descaso com a Aids.
Páginas da Vida contou com cenas gravadas em Amsterdã. A cidade holandesa foi escolhida pela referência artística. A fachada de monumentos arquitetônicos como o Rijks Museum e o Van Gogh Museum serviram de cenário para as gravações iniciais.